Sello Oração E Caridade

Respeitável Loja de São João

Oração e Caridade nº 22

BLOG

Pergaminho hebraico, coroa de espinhos e prego sobre fundo envelhecido, representando a continuidade entre a Antiga e a Nova Aliança.

Instalação de Venerável Mestre RL Cavaleiros de Cristo 19

A tarde foi realizada a instalação do Venerável Mestre da Respeitável Loja Cavaleiros de Cristo nº 19, por nosso Deputado Mestre…

Da Santificação do Homen e de suas obras

Da Santificação do Homen e de suas obras. O homem deve santificar todo seu ser, seu ser devia santificar os agentes do universo.

O modo da Ressurreição – São Paulo

O modo da Ressurreição: a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção…

CONVIVÊNCIA DA R. L. CABALLEROS DE LA ROSA Nº01 NO CASTELO DE AÑÓN

Durante o último final de semana, nos dias 26, 27 e 28 de junho, foram realizadas no castelo de Añón (Zaragoza, Espanha) diversas atividades ritualísticas e formativas da R.L. Caballeros de la Rosa nº01…

O QUE É O R.E.R.?

O Regime Escocês Retificado é um Sistema Maçônico e Cavaleiresco, criado na França durante o último quarto do séc. XVIII. O Rito Escocês Retificado preserva em seus rituais integramente toda sua pureza de acordo com…

Da União das Igrejas

O outro propósito da 2ª Classe no sistema proposto seria a reunião das diferentes seitas cristãs (união das Igrejas)…

II Encontro Nacional Brasil Rectificado

Aconteceu no último final de Semana de Novembro de 2022, em Foz do Iguaçu – Paraná, o II Encontro Nacional das Lojas Retificadas Jurisdicionadas ao Gran Priorato Rectificato de Hispânia, “Brasil Retificado”.

A DISCIPLINA INICIÁTICA DO ABANDONO MÍSTICO DA ALMA À DIVINDADE

É sempre pela mesma Lei que se opera a santificação da universalidade dos seres emanados. Só será pelo sacrifício voluntário do livre arbítrio, pelo abandono absoluto da vontade pópria e pela aceitação desse abandono por parte de Deus, que poderá efetuar-se a sua união indissolúvel com aquele que opera a sua santificação.

Substitução de Tubalcaim por Phaleg

La substitução de Tubalcaim por Phaleg tende a estabelecer uma diferença essencial na busca da verdade maçônica…

Phaleg – por Diego Cerrato

Phaleg: A palavra de reconhecimento na Loja de Aprendizes do RER é Phaleg e deve ser utilizada para a admissão nos trabalhos deste grau…

É O RETIFICADO VETEROTESTAMENTÁRIO
EM SEUS TRÊS PRIMEIROS GRAUS?

Por Jean-François Var

Pergaminho hebraico, coroa de espinhos e prego sobre fundo envelhecido, representando a continuidade entre a Antiga e a Nova Aliança.

Imagem ilustrativa mostrando um pergaminho hebraico, uma coroa de espinhos e um prego, símbolos que representam a continuidade entre a Antiga e a Nova Aliança. Elementos essenciais para compreender a base doutrinária do Rito Escocês Retificado.

Que o Rito Retificado tem um caráter cristão não é mais contestado por ninguém. Mas a aceitação deste fato, que é uma verdadeira evidência, não deixa de implicar restrições que limitam em maior ou menor grau o seu alcance. Deste modo, alguns falam de “crístico” em vez de cristão, ao preço de uma distorção do significado do termo, que não significa de modo algum “um cristianismo atenuado”, como eles pensam, mas, em linguagem simples, “que está relacionado com a pessoa de Cristo”. Em que o Retificado é cristão e crístico? Algo parece suspeito, teria dito Robert Amadou.

Outros, e este é o caso de um autor de renome como Guy Verval, sustentam que este cristianismo não é cultual, mas sim cultural, que é uma reminiscencia da sociabilidade do século XVIII, assim como a espada, e que nem uma nem outra tem mais valor espiritual: trata-se de um decorum.

Outros, finalmente, muito mais sutis, afirmam que o caráter cristão só se afirma e aparece de maneira ostensiva a partir do quarto grau de Mestre Escocês e que não aparece nos graus precedentes, já que estes são relativos ao que é conhecido como “Vulgata Maçônica”, que, em todos os ritos, é exclusivamente veterotestamentária, pois se fundamentam inteira e completamente no Templo de Salomão. Guy Verval – sempre ele – é categórico a esse respeito. Todas elas são baseadas em diferentes passagens da Instrução final do recém-recebido ao quarto e último grau simbólico de Mestre Escocês no Regime retificado. Seria bom citar estas passagens em sua totalidade, embora nos limitemos a alguns trechos:

…fostes também prevenido de que chegaria o dia em que serias chamado a explicar-se claramente, com precisão, e dar a conhecer sem hesitação ou ambiguidade vossas verdadeiras opiniões religiosas, sem ocultar tampouco que vossos progressos posteriores dependeriam sempre de sua conformidade com as da Ordem. […]”

  Aqueles de vossos Irmãos encarregados da vossa preparação em cada um dos graus precedentes, sempre vos disseram que da vossa crença religiosa, considerada como a primeira garantia das virtudes maçônicas, dependeria seu progresso posterior na Ordem. O que lhe foi dito em particular, dizemos hoje em voz alta e sem nenhum mistério, porque chegou o momento de dizê-lo.

Vem então a famosa frase que gera tantos comentários:

  Sim, a Ordem é cristã; Deve sê-lo e não pode admitir em seu seio ninguém que não seja cristão ou a homens dispostos a sê-lo de boa fé, aproveitando os conselhos fraternais que possam levá-los a este fim.

Conclusão: o Regime Retificado pode admitir em seu seio não-cristãos, ou “cristãos” que ainda não são cristãos, sob a reserva expressa de fazer deles cristãos.

É esta conclusão e o raciocínio que levou a ela, é que desejo refutar veementemente.

Parecida interpretação ignora uma série de afirmações que a desqualificam categoricamente, e isso no mesmo texto com base na qual ela busca autorizar-se. O que lemos no parágrafo que antecede imediatamente o trecho acima mencionado? 

…as instruções que haveis recebido há algum tempo devem ter vos feito entender por que os judeus, os muçulmanos e todos aqueles que não professam a religião cristã não são admissíveis em nossas Lojas.

 “Em nossas Lojas”; e não “em nossas Lojas Escocesas”, ou “no grau de Mestre Escocês”; não, mas simples e claramente “em nossas Lojas”, isto é, desde o grau de aprendiz. E por que isso? Seria por causa do antissemitismo, como Jean Granger alegou em sua acusação, rompendo com seu passado como Grão-Prior do Grande Priorado das Gálias? Por causa do sectarismo? De forma alguma: 

Sendo evidente que a admissão de homens, de qualquer forma em tudo recomendáveis, mas que não podem dar como validade de seus compromissos na Ordem a única garantia que esta exige desde tempos imemoriais, seria uma contradição inconcebível nos seus princípios e na sua doutrina…” 

E o que é essa “única garantia” indispensável? Já foi explicado anteriormente: 

É por isso que, durante muitos séculos, após uma época incerta, os descendentes dos antigos iniciados do Templo de Jerusalém, tendo sido iluminados pela luz do Evangelho, puderam, com a sua ajuda, aperfeiçoar os seus conhecimentos e os seus trabalhos, e desde então, todos os compromissos maçônicos, em todas as partes do mundo onde a instituição se difundiu sucessivamente, são contraídos sobre o Evangelho e especialmente sobre o primeiro capítulo do Evangelho de São João, no qual o discípulo Bem Amado, iluminado por uma luz divina, estabeleceu de forma tão sublime a divindade do Verbo encarnado. É sobre este Livro sagrado que desde os teus primeiros passos na Ordem haveis contraído todos os vossos.

Surge aqui uma simples pergunta: que valor teria um compromisso contraído sobre um Livro sagrado no qual não se crê? Livro cuja revelação não foi recebida? 

E que ninguém contradiga que tudo isso só é esclarecido neste grau, o que seria uma contraverdade. Qual é a fórmula pela qual o profano se compromete na Ordem?

Eu ……………, prometo sobre o Santo Evangelho, na presença do Grande Arquiteto do Universo, e me comprometo por minha palavra de honra, diante desta respeitável assembleia, ser fiel à santa religião cristã, etc.” 

O “santo” Evangelho, a “santa” religião cristã… não é suficientemente enfatizado? E anteriormente, o Venerável Mestre advertiu o recipiendário: “Aquele que é a própria verdade disse: Bem-aventurados os que creram sem ter visto”, uma citação direta do Evangelho segundo São João (20:29), o mesmo Evangelho sobre o qual o juramento é feito. E o Venerável Mestre acrescenta: 

Lembra-te, pois, destas coisas quando mediteis no que está escrito neste santo Evangelho. É sobre o valor que vós lhe deis que fundamos nossa confiança na sinceridade e estabilidade do juramento que vais contrair. A retidão de vosso coração é a base disso, a religião deve ser a garantia para sempre.” 

Em suma, o fundamento do compromisso do aprendiz com a Ordem, que garante sua estabilidade, é a religião, mas não qualquer religião: refere-se àquela revelada no Evangelho de São João, a religião de Cristo, o Verbo encarnado.

Tudo isso não é apenas afirmado, mas solenemente proclamado na Regra Maçônica. Aqui alguns protestarão, dizendo que a Regra não faz realmente parte dos textos fundadores, que foi adicionada posteriormente, etc. Tudo isto parece correto, mas é falso. A Regra Maçônica foi adotada no convento de Wilhelmsbad, durante a sessão de 15 de agosto de 1782, um dia antes da adoção do Catecismo (ou seja, da Instrução por Perguntas e Respostas) e da Instrução Moral do grau de aprendiz.

A Regra é, portanto, exatamente contemporânea aos rituais, atualizados e impressos em Wilhelmsbad. Agora, o que podemos ler nele?

Dai graças, pois, ao vosso Redentor; Prostra-te diante do Verbo Encarnado e bendiz a Providência que te fez nascer entre os cristãos. Professai em toda parte a Divina Religião de Cristo e não vos envergonheis de pertencer a ela. O Evangelho é a base de nossas obrigações; Se você não crês n’Ele, deixarias de ser maçom.” (Artigo I, parágrafo II).

Não é o suficiente? Vejamos o que nos ensina a Instrução Moral para o grau de Aprendiz Franco-maçom já mencionada: 

O Evangelho é a Lei do Maçom, que deve meditar e seguir sem cessar.” 

E já que mencionei a espada no começo, não quero deixar de mencionar a seguinte frase: 

A espada que posta sobre [o Evangelho] significa a força da fé na Palavra da Verdade [isto é, o Verbo], sem a qual, a Lei sozinha não seria capaz de conduzir o Maçom à verdadeira Luz.” 

Onde está então, o Antigo Testamento nisto tudo? Em nenhuma parte. Não há nada mais que o Novo Testamento. Pode-se objetar ao Templo de Salomão. Sim, certamente desempenha um papel importante, mas prefigura outra coisa, que não é ele mesmo. É um “arquétipo fundamental” pois: 

…este templo memorável será sempre, tanto em si mesmo como pelas surpreendentes revoluções que sofreu, o arquétipo geral da história do homem e do Universo.” 

Se, além disso, a presença do Rei Salomão fosse suficiente para conferir a qualquer coisa um caráter do veterotestamentário, então todas as catedrais nas quais este figure em sua fachada (como ancestral e representação de Cristo) poderiam ser deduzidas como relacionadas com a Antiga Aliança! 

Por outro lado, destaca-se, o que o diferencia de outros ritos maçônicos, que Salomão não desempenha um papel preponderante na Retificação; Mas sim Hiram. 

As palavras que põem fim a este assunto podem ser encontradas na Instrução Moral já mencionada. Esta é a bateria de Aprendiz: 

Os dois primeiros golpes precipitados indicam a Lei da natureza que foi dada ao homem para dirigir-lhe nos primeiros tempos do mundo e a Lei escrita que foi dada a Moisés sobre o Monte Sinai para o segundo tempo. Mas o terceiro e último golpe separado indica a perfeição da Lei da Graça e a força que resulta para o cristão da junção das três Leis e do cumprimento das duas primeiras.” 

Em suma, todo trabalho de qualquer Maçom Retificado de todos os graus é realizado sob os auspícios da Lei da Graça, que é perfeita. Tentar fazê-los retroceder à incompletude e à imperfeição é uma tarefa inconsequente que somente a ignorância pode querer explicar. 

 

POST-SCRIPTUM

 Tenho comprovado pelos textos, de forma irrefutável – aguardo qualquer contra-exposição – o caráter cristão, diria inclusive a exigência cristã, desde o grau de Aprendiz, do Regime Retificado. Em particular, apoiei-me na “fórmula do Compromisso dos Aprendizes”, na qual aquele que é recebido “promete sobre o santo Evangelho […] ser fiel à santa Religião Cristã, etc.” 

Ora, aqui descubro um estudo, afinal interessante e instrutivo, intitulado “Da Estrita Observância ao Rito Escocês Retificado”, assinado por um autor que, por cortesia, designarei apenas com suas iniciais: P. N.. Bom historiador da Maçonaria em geral e do Retificado em particular, P. N. sabe encontrar documentos, reuni-los, compará-los, o que até aqui é irrepreensível. Ele os faz falar, porém é aí que as ideias começam a atropelar-se, pois a linguagem que ele lhes empresta é a sua, de acordo com suas ideias preconcebidas, mutilando-as à vontade. Que cada um julgue por si mesmo: 

Em relação à fórmula mencionada acima, escreva o seguinte em uma nota:

 [13] Não basta exigir num juramento fidelidade à religião cristã (ou israelita, ou muçulmana) para que o objeto desse juramento se torne cristão (ou israelita, ou muçulmano). Imagine se tal cláusula fosse adicionada ao Juramento de Hipócrates, isto não tornaria a prática médica uma prática cristã (ou israelita ou muçulmana). 

Oh, admirável sofisma! Como podemos comparar o que tem a ver com a ética profissional (o juramento de Hipócrates) com o que é sagrado ou mesmo religioso? Porque, afinal de contas, o que está em causa é a fidelidade a uma religião precisamente nomeada e qualificada como “santa”, fidelidade sancionada por um juramento prestado sobre o Livro Sagrado desta mesma religião (que é o “Santo Evangelho” e não a Bíblia como nos ritos anglo-saxões). 

O que seria de uma “fidelidade” (fidelitas) a uma religião que não se apoiasse na “fé” (fides) a esta mesma religião? Uma farsa, uma hipocrisia! 

O próprio autor faz bem em alegar sobre o fato (incontestável) de que na França do século XVIII todos os compromissos maçônicos eram feitos sobre o Evangelho, e mais precisamente sobre o Evangelho de São João, que em certas ocasiões era o único presente na Loja (relatórios policiais comprovam isso), e concluiu que essa presença tinha a ver apenas com um costume social. Provavelmente poderia ter sido significativo para alguns. Mas é significativo (e sempre foi) nas Lojas Retificadas, dada a doutrina metafísica que elas ensinam e que é inseparável da revelação cristã: uma grande quantidade de textos doutrinários atestam isso (como os que eu mesmo citei acima), e sustentar o contrário é censurá-los, amordaçá-los! 

Deixemos os textos falarem sem prestar-lhes opiniões pessoais; Eles sabem muito bem como se expressar e dizer a verdade.