SOBRE O SILÊNCIO QUE DEVE SER OBSERVADO EM NOSSAS CERIMÔNIAS
Os conselhos anexos ao Ritual de Aprendiz incluem uma seção específica “sobre a música”, onde diz: “O ritual frequentemente faz alusão ao silêncio. A música não tem lugar nas Cerimônias de Iniciação, de Passagem e de Elevação que devem ser feitas como o Ritual o indica, no mais profundo silêncio. A música não está nem na tradição nem no espírito do Retificado, que se reveste de uma certa desnudez”.
O Código das Lojas Reunidas & Retificadas da França de 1779, Capítulo XVI (sobre o controle interno das Lojas), em seu segundo paragrafo coloca claramente: “Se ordena aos Irmãos guardar o mais profundo silêncio durante as Cerimônias de recepção”.
Além disso, o V. M. repete sempre que termina de abrir os Trabalhos (havendo ou não Cerimônia de Recepção) em qualquer dos graus: “Ordeno, em nome da Ordem, o mais profundo silêncio a todos os Obreiros”.
A palavra “silêncio” repete-se até 25 vezes ao longo do Ritual de Aprendiz entre os diversos procedimentos (e segue esta mesma linha no resto dos rituais), destacando a importância que o silêncio tem no desenvolvimento de nossos trabalhos. A Instrução de perguntas e respostas do Ritual de Aprendiz é bastante explícito a este respeito:
P. – Onde fostes recebido [Aprendiz]?
R. – Em uma Loja Justa e Perfeita, onde reinam a União, a Paz e o Silêncio.
Está claro: em uma Loja Justa e Perfeita deve reinar sempre e em todo momento “a União, a Paz e o Silêncio”.
A Instrução Moral do Aprendiz nos recorda igualmente que “é no silêncio, o retiro e a calma dos sentidos, que o sábio se despoja de suas paixões e preconceitos, e que dá passos seguros no caminho da virtude e da verdade”. E a medida em que avançamos, o emblema dos Mestres* nos ensina que nossa força está no silêncio e na esperança.
O silêncio forma parte essencial, como já foi dito, da desnudez e sobriedade de um Regime como o nosso, sempre está presente em todos os graus e classes de nossa Ordem e só é quebrado pelas palavras dos Irmãos quando se desenvolve o Ritual e quando suas intervenções ordenadas são admitidas por quem preside os Trabalhos. O silêncio não pretende, pois, anular a palavra, senão conduzi-la, ordená-la e dar-lhe mais profundidade e solenidade: “Calado, compreendes; Se tens compreendido, falas. No silêncio o intelecto gera a palavra”. (Advertências sobre a índole humana e a boa vida – Antônio, o Grande (Filocalia)).
Para a Ordem Interior, o Código dos CBCS de 1778, em seu Título II que estabelece os deveres dos Irmãos (paragrafo 5), diz: “A lei do silêncio & a discrição mais absoluta são fundamentais na Ordem…”; e em seu Título V, Capítulo I, fazendo referência aos Cavaleiros Capitulares que assistem ao Convento Nacional da Ordem, nos diz que o farão “observando a lei do silêncio”.
Igualmente nas Lojas Simbólicas, os Capítulos de Noviciado ou de Prefeituras terminam sua abertura ordenando um “religioso” ou “respeitoso” silêncio a todos os presentes.
O silêncio é um cooperador necessário em nossos Trabalhos Rituais, sua observância não é nem arbitrária nem subjetiva, concluindo sem nenhuma dúvida de que a música, seja da classe que seja, está proscrita em nossas assembleias, salvo que expressamente se diga o contrário, como é no caso do canto da Salve Regina na Vela de Armas dos Cavaleiros.