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Oração e Caridade nº 22

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Da Ressurreição dos Corpos Gloriosos

Por Jean-Baptiste Willermoz

Epígrafe 18 de sua obra O Homem-Deus, Tratado das duas Naturezas.

“Porém, mal o terceiro dia começa, ressuscita gloriosamente da tumba por seu próprio poder divino, e começa a mostrar-se aos que o amaram o mais ternamente possível, sob uma nova forma corporal, em tudo semelhante aquela que havia vivido entre os homens, mas glorioso e impassível, da qual se reveste e que faz também desaparecer a sua vontade. É com esta mesma forma gloriosa que após ter conversado, caminhado e comido com seus discípulos durante quarenta dias, aparecendo-lhes repentinamente e desaparecendo também repentinamente diante deles quando assim o queria, depois de haver-lhes recomendado que batizassem em seu nome, de ensinar aos homens o mistério inefável da Divina Trindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, que são um só Deus, que ascende gloriosamente ao céu em sua presença, onde será eternamente o Deus, tornado visível aos anjos e aos homens santificados, nesta forma humana glorificada.

Mas, qual é a natureza desta nova forma corporal, e o que constitui a diferença essencial entre esta e a primeira? Perguntamos a estes homens carnais e materiais que não veem nada mais além do que pelos olhos da matéria, e aqueles que são bastante infelizes para negar a espiritualidade de seu ser, e aqueles também que, unidos exclusivamente no sentido literal das tradições religiosas, não querem ver na forma corporal do homem primitivo antes da sua queda, mais que um corpo de matéria com o qual estão atualmente revestidos, reconhecendo somente uma matéria mais purificada. É o próprio Jesus Cristo que vai provar-lhes a diferença essencial destas duas formas corporais e seu destino, revestindo-se de uma após sua ressurreição, depois de ter destruído a outro no túmulo.

 

Jesus, Homem-Deus, queria ser em tudo similar ao homem atual, para poder oferecer a si como um modelo que pudesse imitar em tudo, se submeteu a revestir-se nascendo de uma forma material perfeitamente semelhante à do homem castigado e degradado. Ele difere, no entanto, em um único ponto em que a forma material do homem concebido pela concupiscência da carne é corruptível, ao passo que a forma material de Jesus, concebida pela única operação do Espírito Santo e sem nenhuma participação dos sentidos materiais, é incorruptível. Mas, Jesus Cristo deposita na tumba os elementos da matéria, e ressuscita numa forma gloriosa que já não tem mais a aparência de matéria, que inclusive não conserva mais os Princípios elementares, e que não é mais do que um envelope imaterial do ser essencial que quer manifestar a sua ação espiritual e tornar-se visível aos homens revestidos de matéria. Se alguém duvidar desta importante verdade, que reflita seriamente sobre as assombrosas aparições sob formas humanas do arcanjo Gabriel a Maria e a Zacarias, pai de João Batista, sobre as dos anjos enviados a Abraão para predizer-lhe o nascimento de Isaac e da punição de Sodoma, do anjo condutor do jovem Tobias, e de um grande número de outras aparições similares aos espíritos puros, cuja forma corporal se reintegrou em si mesma e desapareceu tão logo quando terminou sua missão particular. Todas elas provam a mesma verdade. Jesus Cristo ressuscitado, reveste-se desta forma gloriosa cada vez que quer manifestar sua presença real a seus apóstolos, para fazer-lhes conhecer que é desta mesma forma, ou seja, de uma forma perfeitamente semelhante e tendo as mesmas propriedades, que estava revestido o homem antes de sua prevaricação; e, para ensinar-lhes o que devem aspirar, a ser revestidos novamente depois de sua perfeita reconciliação, no fim dos tempos. Consequentemente, essa ressurreição gloriosa dos corpos, que serão ao mesmo tempo, transfigurados pelos homens reconciliados, bem como o expressou São João, mas que não serão transformados pelos rejeitados. É esta ressurreição, em fim, gloriosa que a consumação real do corpo e do sangue de Jesus Cristo traz a todos que participam dignamente, o germe frutificador.”