PELO BATISMO NOS TORNAMOS PERFEITOS
Por Jean-Baptiste Willermoz
Extraído de sua obra Meus pensamentos e os de outros, revisado e publicado pela primeira vez por Robert Amadou, pensamento 27, Renaissance Traditionnell, nº 30, abril de 1977, pp. 103-104.
Iniciados, no momento em que somos regenerados entramos na vida, recebemos a luz e conhecemos a Deus que é a fonte de toda verdade, de toda ciência e de toda perfeição. Através do batismo nos tornamos perfeitos; o Espírito Santo nos santifica e a fé nos ilumina. “Eu disse: Vós sois deuses, todos vós filhos do Altíssimo!” (Salmo 82:6). Esta operação do espírito denomina-se obra, graça, iluminação, perfeição, batismo. É um batismo que nos purifica, uma graça que nos justifica, uma iluminação que nos enche de luz e nos faz conhecer as coisas divinas. Nele se realizam os dons do Ser soberanamente perfeito. Por sua vez, tudo em nós sai das trevas; ele antecipou os tempos a nosso favor com todo o seu poder, e nós vivemos porque Jesus Cristo nos libertou da morte. Deus criou o universo por sua vontade e por sua vontade realizou a salvação dos homens. Eis aqui então o que se adquire por Jesus Cristo após sair das trevas, estando nesse mesmo momento revestido de uma luz celestial como aqueles que despertam saindo das amarras do sono. O véu que o cegava foi levantado, o obstáculo que o impedia de ver foi removido. Assim, a nossa regeneração pelo Santo Espírito dissipa instantaneamente as trevas espessas que nos ocultavam a luz divina, levanta a venda que cobria o olho da nossa alma e a coloca em condições de ver as verdades celestes.
Iniciados, voltemos a estar novamente sepultados nas trevas, somos agora a luz do Senhor; é por isso que os antigos chamavam o homem com um nome que significa luz. Assim, a esperança daqueles que acreditaram não foi frustrada; a partir de agora recebem os sinais da vida eterna; pois o Mestre lhes disse: “Seja-vos feito segundo a vossa fé.” (Mateus, 9:29). Aqui está o efeito desta obra divina em nós: já não somos mais os mesmos homens. A graça de Jesus Cristo rompeu nossos ataduras, nosso espírito recebeu uma luz resplandecente; mas os homens que ainda estão nas trevas não podem conceber como a graça nos iluminou através da fé. Não podem conceber que, sendo assim libertados da escravidão da lei, nos tornemos escravos do Verbo que é a luz do livre arbítrio: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e cultos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, pois assim foi do teu agrado.” (Lucas 10:21). Que aquele que queira obter esta recompensa submeta a concupiscência e os seus desejos carnais, renuncie ao orgulho da ciência humana. É através desta vitória que obterá a fé que regenerará o espírito, iluminará a inteligência e inflamará o coração com o fogo e a luz celeste (Clemente de Alexandria em seu Pedagogo, capítulo 6).