Sello Oração E Caridade

Respeitável Loja de São João

Oração e Caridade nº 22

BLOG

Maçom e Católico

Entrevista com JOSÉ ANTONIO FERRER BENIMELI. Historiador e presidente do Centro de Estudos de Maçonaria. Considerado o maior especialista em Maçonaria na Espanha, ele desmistifica a aura de mistério que envolve a organização.

É COMPATÍVEL SER MAÇOM E CATÓLICO?

Na Espanha existem cerca de 3.000 maçons. Um número muito baixo se comparado aos Estados Unidos ou à Grã-Bretanha, onde o cargo de Grão-Mestre é sempre ocupado por um membro da Família Real. José Antonio Ferrer Benimeli passou mais de quarenta anos investigando esta organização. Em 11 de março de 2008, apresentou uma palestra no Ateneo sob o título “Satanismo, Judaísmo e Maçonaria”. Este foi o seu relatório:

P. Em 1983, um grupo de radicais incendiou seu escritório e o trabalho de 15 anos após sua intervenção em um congresso. Existe mais liberdade agora para falar sobre Maçonaria?

R. Nunca tive problemas para fazê-lo, nem mesmo na época de Franco, embora meu primeiro livro, em 1965, tenha ficado três anos retido pela censura. Claro, nas minhas conferências sempre havia um policial que anotava tudo para entregar ao Ministro da Justiça.

P. Quanto há de lenda e quanto de realidade na Maçonaria? Foi excessivamente mitificado?

R. Sem dúvida. A Espanha era um país anti-maçom quando sequer existia. Nos países anglo-saxões, por exemplo, pertencer a esta instituição é um “sinal de glória”. Mas aqui foi chamada de seita satânica.

Quanto maior o analfabetismo e o desconhecimento do assunto, maior o absurdo que se diz. A definição de culto é “religião falsa”. A Maçonaria não é uma religião e, portanto, não pode ser uma seita, é uma associação como tantas outras. Seu segredo é que não há segredo. Pesquisei seus arquivos, suas bibliotecas particulares, participei de seus congressos e nunca tive nenhum problema. Poucas organizações têm essa transparência.

P. Qual é a posição atual da Igreja Católica?

R. Do ponto de vista jurídico, a Maçonaria não está excomungada. No novo Código da Igreja isso sequer é mencionado. Além disso, é compatível ser maçom e católico. As pessoas estão muito interessadas em saber quais figuras públicas pertencem a esta instituição… Sim, sempre me perguntam se Zapatero é maçom.

P. É?

R. Não que eu saiba, mas nada aconteceria se fosse. Alguns meios de comunicação tem associado o Governo com a Maçonaria.
Neste país, o termo “maçom” é usado para desacreditar um adversário político, mas o que mais os maçons desejam do que estar ligados ao governo!

P. Então a percepção dessa organização como uma sociedade secreta que controla o poder que existe está errada?

R. Tudo isso é falso.

P. Depois de quarenta anos dedicados a isso, você já foi convidado a se tornar maçom?

R. Muitos, e eu sempre disse não. Eu amo demais a liberdade e, além disso, eu os conheço demais (risos). Não me atrai em nada, não preciso disso para minha experiência pessoal, é apenas um objeto de estudo.

Mas tenho recebido muitas acusações de ser philo-maçônico. É o que dizem alguns escritores como César Vidal, mas muitos maçons me atacam pelo lado oposto. Quando você está em uma área de fronteira, os ataques vêm de ambos os lados. Certos fanáticos acreditam que se você não pensa como eles, você é contra eles.

P. Qual é o papel da Maçonaria no século XXI?

R. Eles se fizeram essa pergunta em 1902. Chegaram à conclusão de que, enquanto as injustiças, as guerras ou a escravidão continuarem existindo no mundo, a Maçonaria terá uma razão de existir. E o mundo não mudou muito.